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sobre morte, sobre velhice.


Ando lendo sobre velhice, memória e história.
Separei um pedacinho para vocês:



"a civilização burguesa expulsou de si a morte; não se visitam moribundos,
a pessoa que vai morrer é apartada, os defuntos já não são contemplaods.

O leito de morte se transformava em um trono de onde o moribundo ditava seus últimos
desejos ante os familiares e vizinhos que entravam pelas portas escancaradas
para assistir ao ato solene.

Era natural dormir numa cama onde dormiram os avós, onde morreram rodeados pelos seus. Era natural visitar um defunto, acompanhá-lo
ao ouvir os sinos plangerem. E guardar o crucifixo onde imprimiu o último beijo.
A morte vem sendo progressivamente expulsa da percepção dos vivos.
Os agonizantes, diz Benjamin, são jogados pelos herdeiros em sanatórios e
hospitais. Os burgueses desinfetam as paredes da eternidade.

No entanto, todo o vivido, toda a sabedoria do agonizante pode perpassar por seus lábios. Ele pode examinar sua vida inteira, filtrar o seu significado mais profundo e querer transmiti-lo em palavras entrecortadas cujo sentido todos se esforçam para
adivinhar e interpretar. A mão que ergue a última bênção sobre os vivos e, à
medida que o olhar se apaga, mais cresce a autoridade do que é transmitido."
BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade, Lembranças de velhos.


Esta leitura tem sido bastante construtiva, creio que finalmente encontrei a linha de raciocínio para a conclusão do meu curso, e para a sequência da minha carreira.

Pensar o velho e aprender com ele é fascinante.


O livro fala de memória, e está me apresentando pontos de vista muito interessantes, ajudando a firmar conceitos que sei que serão fundamentais para o futuro.


Mesmo que eu não venha a utilizar academicamente o que estou aprendendo, humanamente está sendo uma linda lição de vida, me ensinando a entender e a lidar com o velho, com o que veio antes.


Não tem porque termos medo da morte, ela é a única certeza que temos, não é verdade?

Porque jogar isso para baixo do tapete, fingindo ser o que não somos?

Se aceitássemos a condição de fragilidade humana com naturalidade, sofreríamos menos, e faríamos especialmente os nossos idosos mais felizes, com uma existência mais digna.


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