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Música nativista não reflete o povo do RS

Música nativista não reflete o povo do RS, diz músico
 

A música e as danças usadas como símbolo do Rio Grande do Sul não refletem o povo gaúcho. Na avaliação do músico popular Pedro Munhoz, essa cultura difundida nas festividades do 20 de Setembro e perpetuada nas gravadoras, nos festivais e nos programas nativistas da televisão apenas cria no imaginário da população uma cultura que nunca foi a sua.

A reportagem é de Raquel Casiraghi e publicada pela Agência de Notícias Chasque, 19-09-2008.

Nem mesmo historicamente, analisa Munhoz, já que a tão festejada Revolução Farroupilha foi uma guerra dos latifundiários regionais contra o governo imperial. As danças, as músicas e os manuais criados nas décadas de 30 e 40 apenas reproduzem os costumes e fortalecem o domínio das classes gaúchas mais abastadas. A função do peão, destinada na história para o pobre branco e em algumas exceções para os negros, acabou sendo romantizada na cultura.

"A música, a cultura do Rio Grande expressa o latifúndio em toda a sua integralidade. Inclusive isso parte de músicos populares do estado, poetas, compositores, que muitos não têm ligação com o latifúndio mas que expressa esse interesse. A música do RS, eu diria que é uma das poucas que é tão arraigada a esse processo de poder. Tanto é que a Revolução Farroupilha é das poucas guerras no Brasil que não partiu do seio popular, não se criando nenhum vínculo com o povo. Cria-se através de quem criou todo esse processo ", argumenta.

O músico também critica o Movimento Nativista, criado na década de 70. Para Munhoz, o movimento apenas serviu para impor ainda mais essa cultura como sendo a do povo gaúcho. Ele defende a união dos artistas populares como alternativa ao estilo "Galpão Crioulo" dos programas de TV e dos festivais.

"Nas histórias dos festivais do RS tem muita coisa boa, muitos compositores bons, mas houve uma 'seleção natural' ou uma cooptação onde o que ficou é quem acena e quem concorda com o estabelecido. Então a música e a cultura gaúcha também estão ligadas a todo esse processo da indústria cultural em que se faz toda uma releitura das culturas regionais para que vire um produto de venda. Se existe o mercado urbano de música também existe o regional", diz.
http://www.unisinos.br/_ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=16804

 

Estou há tempos para escrever sobre isso, mas esta matéria sintetiza super bem o meu pensamento.

Vivemos 'adorando' uma cultura que não é a nossa. É uma fantasia, que reforça a questão da desigualdade social e da supremacia de uma classe sobre outra.

Sem falar da questão de raça, lembrando do negro, que foi massacrado nesta guerra.

Enfim, espero que ajude a repensar sobre o que realmente representa o povo gaúcho, uma miscelânea de etnias...

Se não fossem os imigrantes, o estado teria sucumbido após esta guerra de poder, o trabalho COOPERATIVADO dos imigrantes foi o que garantiu a sobrevivência econômica.

Trabalho nas 'picadas', promovendo os pequenos produtores rurais (ex sem-terra) vivendo em regime de cooperação comunitária.

Vale realmente a pena repensar sobre o que somos nós, gaúchos... estancieiros???? acho que não hein?!?!?!

 

 

 
 

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