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o que fala a palavra, o que fala a Palavra?

Antes, sendo noite,
Já era a Palavra.
No vento e nas flautas.
Falando nos montes, falava nas águas.
Plantava, colhia, dançava.
Falava na vida, a vida;
Na morte, a terra sem males falava.
E veio a Palavra se dizendo dia,
Cercada de armas, forrada de Bíblia.
E matava a vida, e a morte falava.
Era má notícia.
Nas mãos da palavra.
Agora é hora de ser simplesmente
Palavra a palavra.
a Boa Notícia desnuda e amada,
Vestida de Bíblia, despida de armas,
Cheirosa de povo
No vento, no sangue, nas flautas.
(Dom Pedro Casaldáliga)



Este homem fascinante está com a saúde debilitada, internado em Goiânia.
Diante da onda neoconservadorista da Igreja Católica (o que pessoalmente me faz crer que o colapso está eminente, uma vez que não atrai mais pessoas críticas e pensantes para suas fileiras, apenas ovelhas cegas e reacionárias) nos entristece ver que os grandes faróis do cristianismo libertador estão fisicamente enfraquecendo.


Quando fazia meu trabalho de conclusão, lia partes dos diários do Pe Orestes Stragliotto, seu testemunho me falava de uma Igreja (a mesma de Casaldáliga) cheia de vida, com energia para ser efetivamente contra cultural, promovendo a libertação, a cidadania, o cuidado e a ternura. Comparando com a Igreja primitiva estudada na minha formação acadêmica é impossível não traçar paralelos, identificando os fundamentos da fé, as motivações e os grandes ideais abraçados.
Aí veio a institucionalização.... e a coisa foi por água abaixo.
Antes disso, ser cristão era perigoso. Depois disso é obrigação.
E nada mais sem tesão do que fazer algo por obrigação.
E o amor se esvaziou, ficou apenas o peso da pedra institucional, atribuída a Pedro (pobre Pedro, tanto se fez por vaidade própria em nome dele).
Mas o bom Deus não desiste de seu povo, e chama pessoas como Dom Pedro, a clamar no deserto púrpura da instituição corrompida e deslumbrada, a clamar como faria Jesus. Sem clégima, sem pompa, sem cálices de ouro que custam o preço de uma casa popular... 
A clamar com a vida, com seu testemunho, com todas as suas forças.
Uma vida colocada à serviço, para que não esqueçamos que o Cristo vive sim, mas no meio do povo. 
Pobre, sujo, sem casa, sem teto, indigente, diferente, e ouso dizer, pela instituição igreja excomungado.


‘Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos" Lc 10,21

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